Cap. 21
Num misto de espanto, indignação e muita raiva, o xerife atravessa a rua olhando para os lados na tentativa desesperada de ver pelo menos o rastro de seu cavalo.
Ele para em frente à cadeia e apoia uma mão na parede do edifício enquanto tenta digerir a situação e decidir o que fazer.
— Eu fi! – diz uma voz vinda de um pequeno homem que o xerife não sabe dizer se acabou de aparecer ou já estava lá e nem foi percebido.
O xerife olha interrogativo, sem entender o que o sujeito estava dizendo.
— Eu fi lefarem os cafalos – continua o pequeno homem, gesticulando para se fazer entender.
A mímica funciona e Wayne consegue decifrar o sotaque do infeliz: — Quem? Para onde? – grunhe ele, incapaz de formular uma frase devido à raiva.
— Eu mostro, mas não de graça – retruca o sujeitinho, aparentemente não preocupado em chantagear um homem com o dobro de seu tamanho.
O primeiro impulso do xerife é atirar nos joelhos daquela criatura até deixá-lo ainda menor, mas o medo de nunca mais ver seu cavalo o faz respirar fundo e manter a negociação, afinal, poderia atirar naquele pequeno monte de esterco depois que estivesse novamente montado em seu animal.
— Quanto? – pergunta, encarando o homenzinho que responde: — Quanto seus cafalos falem para o senhor?
Xerife: — Pelo jeito, menos do que sua vida vale para você.
O homem sorri enrugando seu pequeno rosto e diz: — Gostei do senhor. Um dólar e eu mostro onde os cafalos estão.
Wayne tira uma moeda do bolso e joga para o homem, que a pega ainda no ar. Tão rápido quanto o homem apanha a moeda, o xerife agarra sua mão, o puxa, tirando-o do chão e fala, quase que mordendo as palavras: — Meu cavalo. Agora!
O xerife joga o sujeito de volta ao chão como quem arremessa restos de comida para um bando de cães só para vê-los brigarem entre si pelo alimento.
— Fenha comigo. – diz o pequeno homem, reforçando o convite com a cabeça e começando a andar. Wayne o segue, esperando pelo melhor momento de atirar naquele ovo podre de codorna. Nem bem acabam de virar a esquina, Augustus sai do saloon.